Acho que mencionei aqui a hipótese do Christian Duverger sobre a autoria da Historia Verdadera de la Conquista de la Nueva España. Cortés seria o autor secreto dessa narrativa pessoal, de um simples e humilde soldado. Por conta disso, fui reler o livro escrito por volta de 1568, quase cinquenta anos depois dos eventos, e publicado pela primeira vez em 1632. Minha edição é mexicana, da Alianza, de 1991. Os fatos são conhecidos e não vou repeti-los. O que importa é o que li agora, passados os cinquenta anos de vida.
Primeiro, a história de Malintzin. Assombrosa em si mesma, pode ficar ainda mais assombrosa se ela foi a fonte de informações sobre a política dos Aztecas. De fato, é estranho que Cortés, mal chegado ao México, tenha compreendido de imediato a situação diplomática e política do império nahuatl. Houve alguém que lhe deu as pistas e quem melhor que uma mulher, a vítima preferencial desses arranjos. Se Malintzin foi mesmo a conselheira de Cortés (Bernal é o primeiro a reconhecer sua importância), a história verdadeira da Conquista da Nova España é ainda mais fascinante.
Segundo, há o capítulo 156, sobre a captura de Cuahutemoc. Os trechos sobre a mortandade da batalha são famosos, mas não me lembrava da confissão de Bernal, do medo que tinha dos combates, do horror dos sacrifícios. Sabemos que Bernal esteve no campo da batalha e sabemos que, como qualquer um, tremeu.
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