sábado, 2 de dezembro de 2017

Imagens

Não sei quem é exatamente Jurgis Baltrusaitis e não sei como cheguei a saber de seu Les perspectives dépravées. Anamorphoses (2008). Acho que foi no livro do Fumaroli sobre retórica. É um registro interessante sobre uma ideia relativamente trivial: usar as regras da perspectiva para esconder uma imagem. Ou seja, produzir um ângulo específico (ou um tipo de espelho) onde as imagens seriam corretamente vistas. Fora desse ângulo ou sem esse espelho, apenas imagens distorcidas, como o célebre crânio na tela de Holbein. Baltrusaitis faz uma história dessa moda, a partir do século XVI, e vai revelando até conexões chinesas. Em um mundo de realidade virtual e CGI, anamorfoses são mais que obsoletas. Ainda assim, é a velha pergunta barroca: o que estou vendo é real? O que afinal estou vendo?