terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Poetas menores

Poetae Minores é uma coletânea editada e traduzida pelo professor Ernest Raynaud e publicada pela Garnier em Paris em 1931. Está há tanto tempo em minha biblioteca que nem tem data e assinatura na contra capa. Deve ter chegado ao Rio de Janeiro nos anos 1950, para alguma biblioteca de gente com dinheiro e suas folhas ainda estão coladas depois da página 100. Não foi lido além desse ponto e deve ter sido vendido a um sebo nos anos 1980, onde o comprei. O livro vai fazer cem anos em pouco tempo e alimenta minha curiosidade. Leio, no correr dos anos, um poema aqui, outro ali. Os versos raramente são felizes. São poetas menores, literatos de corte, convencionais ou rebuscados. Vez por outra, uma fórmula feliz, como a dos poemas de Spurina ou Servastus, que reservo para um uso futuro, ou o curioso poema de Eucheria, ironizando um pretendente, no século V ou VI. Já tinha grande carinho por esse livro quando li o poema de Borges:

Poeta Menor


A meta é o olvido
Ele chegou antes.


Pós escrito. Os versos de Spurina, um político sério, mencionado por Plínio, o Jovem, tratam da renúncia à vida ativa: Nos sero pelagus vicimus invium/ Quidquid viximus, interit. O mero domínio do português permite intuir seu significado e sua contenção. A tradução do professor Raynaud, contudo, é prosaica.

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