quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Acerca do Futuro

Os dias seguem confusos por conta da política. Ao menos uma leitura restará desses tempos: o artigo do professor Patrick Todd, de Edimburgo sobre os futuros contingentes: "Future contingents are all false". Está publicado em Mind, volume 125, Number 499, Julho de 2016.

Como sempre suspeitei, proposições contingentes sobre o futuro são falsas: futuros contingentes envolvem uma contradição interna. Se algo que acontecerá, acontece determinadamente, então a proposição não é contingente. Precisa ser verdadeira ou falsa. Se algo que acontecerá não é determinado, a proposição contingente será falsa também (pág. 795). Há mais: "Se existem muitos modos pelos quais as coisas podem acontecer a partir de agora, então não há qualquer fundamento para que um desses modos seja especial entre os muitos".

O futuro, como registra o Todd, não é único.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Música mística

2. E esta canção era a mais espantosa, grande e maravilhosa das coisas, pois por meio da melodia que está na boca e no instrumento, a alma desperta e o Espírito Santo nela resplende. E vai ao alto e alcança o supremo entendimento, que não podia antes atingir.

3. E esta canção excelente é uma voz que sai da boca dos cantores em temor, espanto e santidade. Sobe e desce, se estende e se encurta, como se inspirada por uma canção dos altos ministros. E enquanto se move por graus que são conhecidos pelo desenho dos pontos, em frases cantadas por vozes deleitosas, tais frases são ordenadas de acordo com as virtudes espirituais, como está explicado no ensino da Música.

7. "E ao rei Salomão - possa descansar em paz - foi dado a saber essa canção, mais do que a qualquer outro em sua geração. Como dizem aqueles cuja memória é uma benção: ´nove anjos que cantam à noite cantam sobre todos os que podem cantar; e quando os homens começam a cantar, os mais elevados se somam a eles para que possam saber e compreender e alcançar o que a Terra e os Céus não alcançam. Ao cantar, eles ganham poder".

8. Rabi Nehemias disse: `Feliz é aquele a quem é dado a conhecer esta canção, pois aquele que a conhece, conhece a Torá e a sabedoria, e há de ouvir e investigar e ganhará poder e gevurah sobre as coisas que foram e as que serão´.


Isaac ben Solomon Ibn Sahula (n. 1244), Comentário ao Cântico dos Cânticos.

Seleção dos trechos "Canções como conhecimento transcendental", citados por Joscelyn Godwin, Music, Mysticism and Magic. A Sourcebook, Londres, 1986.

De acordo com Godwin, esse penúltimo parágrafo (7) é uma reelaboração de trechos do Zohar. Ibn Sahula viveu na Espanha de Alfredo, o Sábio, e viajou pelo Oriente Médio. É o autor de uma célebre e ainda editada coleção de histórias fantásticas e fábulas.

domingo, 27 de novembro de 2016

Mais esfera

O estudo das conjunções de planetas prossegue, sempre com uma preocupação bem prática, afinal que scientia est multum utilis multis, si esset in promptu, ut medicis, physicis et cyriurgicis, marinariis, mercatoribus, etc.; eo quod bona dispositio lune significat bonam disposititionem temporis, et fortuna multorum, quia reddit naturaliter diem laudabilem, et bonum significat super dispositionem fortune multorum. E, sobretudo, sanitas lune est sanitas omnis rei. Um capítulo seguinte trata do apogeu e do perigeu dos corpos celetes e, afinal, chega a hora de tratar do movimento retrógrado dos planetas.

Pensava que seria o único embaraço para uma visão de mundo composta por movimentos circulares e constantes, mas há outros embaraços: a variação no diâmetro aparente do Sol ao longo do dia, mais difícil ainda de explicar. Bartolomeu invoca "vapores da terra e da água", que se acumulam na esfera terrestre e atrapalham a visão do Sol ao meio dia, e compara com a visão submarina das coisas, quando aliquis est sub aqua maris cum oculis apertis. Como nota o Barbour, a existência do movimento retrógrado causa embaraço, mas nenhum autor medieval sequer tentou explicar o fenômeno. Por fim, vem o exame dos climas da Terra, ou seja, de sua divisão em meridianos e círculos. Bartolomeu sabe, evidentemente, que existe um outro hemisfério, mas nec possint ire per viam nature, quod negatur causa zona perhuste, scilicet tanti caloris qui circundat eam per totum.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Exercício de irracionalidade

Tal como no caso do Quixote, primeiro você ri, depois, chora. De um ponto de vista brasileiro, a história de Perón é quase inconcebível. A transformação de uma, digamos, atriz em primeira dama e co-governante já seria bizarra. As vicissitudes de seu cadáver embalsamado desafiam uma explicação racional. Em 1954, Vargas se suicidou por causa de uma crise aguçada por um mero assassinato político que não se consumou; em 1955, a Força Aérea Argentina bombardeou a Praça de Maio e a Casa Rosada, matando mais de 200 pessoas. Crime jamais apurado. O regime militar brasileiro, em duas décadas, não assassinou 200 pessoas.

Nos seus últimos anos, Perón desfilava pelos salões elegantes de Buenos Aires com uma amante de 15 anos. No Brasil, isso seria inconcebível, apesar da fama do país. Perón ordenou a prisão de bispos! Bom, não falamos das relações com o nazismo, da corrupção quase inacreditável (Perón quase privatizou o comércio internacional de commodities da Argentina). Em suma, visto de Buenos Aires, o populismo brasileiro pode ser considerado um exercício de racionalidade. O Varguismo é apenas um assunto para historiadores; o Peronismo ocupa, nesse momento, a Praça de Maio.



O livro de Horacio Vázquez-Rial é de 2004.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Dynamics

Comprei antes de ler a resenha ambígua do Lubos e, de fato, examinando bem, não há muita coisa nova no livro. Alguns detalhes técnicos do Almagesto eu já não me recordava, como o equante, e é evidente que a visão de um universo onde a Terra está no centro de tudo não fazia muito sentido desde a época de sua publicação. As consequências desse fato é que, curiosamente, não mereciam maior estudo. Aprendi duas coisas. A primeira é a real relevância da obra de Kepler, que vai muito além da descoberta das leis empíricas do movimento dos planetas. Já está ali uma intuição da natureza da gravitação e também do Cálculo. A segunda é que, ao contrário de Newton, Descartes e Huygens viram bem claramente que todo movimento é relativo. Viram, mas não escreveram com a ênfase devida por razões bem conhecidas. A relatividade de Galileu fica muito bem nessa foto.

"However, the main conclusion to be drawn from the two and half millenia that this volume has covered can already be stated: the dynamical frame of reference, and not the ground under our feet or a sphere of fixed stars in the heavens, is the true backbone of the world."

 Julian Barbour, The Discovery of Dynamics, CUP, 2001.





segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Tratado da Esfera

Há tempos devia a mim mesmo uma leitura completa de um tratado da esfera. Como se sabe, são textos medievais que misturam um pouco de astronomia, um pouco de geografia, bem pouca matemática e mitologias de todo o tipo. É singular que raramente apresentem alguma evidência de um estudo empírico do céu ou do planeta. Quase sempre é um gigantesco acúmulo de informações livrescas e duvido que seus autores realmente dominassem a matemática do Almagesto. De todo modo, os tratados da esfera são um exemplo precioso de pessoas buscando entender de forma rudimentar uma realidade de grande complexidade e sua leitura ensina muito sobre as estratégias intelectuais envolvidas nesse processo. Elas não mudam muito com o passar do tempo. Como você pode, afinal, parecer que entende algo que você não entende?

O latim do Tratado da Esfera de Bartolomeu de Parma, um astrônomo e professor em Bolonha, traz a marca do ano de redação, 1299, e é transparente como o italiano. O texto é cortesia do Bullettino do príncipe Boncompagni, um amigo dos tempos da Biblioteca Nacional, que guarda várias de suas obras.

O Tratado é uma obra curiosa, pois mistura elementos da astrologia e da teologia cristã com elementos que hoje diríamos científicos, ao menos para os tempos. Há observações divertidas:

"Et a vera forma spere circulus factus in terra est tante virtutis, quod demones convocati ad circulum per aliquam fortem coniurationem, non sunt ausi introire si sint extra, nec exire si sunt intra".

Descreve também de forma canônica os círculos polares, os trópicos e o equador, com os graus herdados da Antiguidade. Reflete sobre a temperatura relativa e faz mesmo uma menção à Índia, que não era mais possível ignorar. O peso da astrologia aumenta com o passar das páginas e a imagem do homem reflete a imagem do céu. Bartolomeu não teme escrever:

"Tangere membrum ferro frigido vel calido, luna existente in signo illius membri, periculosum est et timendumm vel sapienter precavendum".

Não falta certa poesia ao capítulo sobre a Via Láctea (De circulo spere qui dicitur gallaxia). Vamos lendo, portanto.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Determinado em nossas mentes

No parágrafo 13 da Segunda Parte dos Princípios da Filosofia, Descartes conclui:

"Finalmente, se pensamos que nenhum ponto sem movimento desta natureza pode ser encontrado no Universo, como, em seguida, mostraremos ser provável, então haveremos de concluir que nada tem um lugar fixo, a não ser aquele que é determinado em nossas mentes".

"inde concludemus, nullun esse permanentem ullius rei locum, nisi quatenus a cogitatione nostra determinatur."

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Os mesmos efeitos

"Le Protestantisme a mis la France à deux doigts de la ruine. L´État Monarchique contraint trop l´esprit d´independence que la Reforme inspire, & qu´elle cherche à se procurer même para la révolte dont elle a fait un de ses dogmes. Tant que cette pernicieuse doctrine fera partie de leur profession de foi, les Protestants seront de sujets dangereux; car pourquoi les mêmes principes ne produiroient-ils pas les mêmes effets?"

Abade Henri Maurice Loisson, Suplemento aos Erros de Voltaire, 1779, pág 78.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Cante, dance e se emocione

Confesso que não esperava muito do livro. A bio do Gerhadt, nova, estava meio salgada e preferi algo mais direto sobre sua poesia. Mais para ver o que um pastor, hoje, diria sobre o poeta e seus corais. Gastei alguns anos traduzindo os mais famosos e conhecia bem os textos: queria um outro ponto de vista que não fosse o estritamente bachiano. Confesso que me surpreendi. Deichgräber escreve o que deve ser escrito sobre a poesia de Paul: ela não é um artefato histórico, mas uma resposta à guerra, ao sofrimento, à perplexidade diante da vida e do universo. Como em vários momentos ele mesmo diz, para os alemães, o final da II Guerra Mundial não é muito diferente do fim da Guerra dos Trinta Anos.

Deichgräber também não está interessado em uma análise literária: fala da poesia de Gerhardt porque a ouviu e cantou quando criança, porque ela emociona em sua aparente simplicidade, porque produz emoções. É uma música que, como nos cultos africanos que ele expressamente menciona, deve provocar dança e exaltação. Era isso que Paul queria, é isso que a música do Mestre nos pede. Como ele diz em uma bela página: "Não se pode festejar sentado em um banco de igreja e, assim, ir a Belém". Para chegar a Belém, há que caminhar, se mover, cantar e celebrar.

"A alegria pode assim de novo, na ponta dos pés, se espalhar e um gesto de confiança desafiar a morte e o diabo, para envergonhá-los; é expressão essencial com divino efeito salvífico". (pág 122)



terça-feira, 18 de outubro de 2016

Tratado da esfera

Agora existe um exemplar do Bullettino na estante, o de 1884. Estava ontem dando uma olhada nos fascículos quando conheci dois nomes novos. O primeiro é o Bartolomeu de Parma, o primeiro professor de Astronomia em Bologna, cujo Tratado da Esfera (1299) foi publicado nessa edição. O segundo é o autor da edição, Enrico Narducci, o estudioso que organizou as bibliotecas de Roma após a unificação do país e a extinção das ordens religiosas, sob o patrocínio do príncipe Boncompangi. Ainda não tenho uma opinião sobre o tratado de Bartolomeu, mas a erudição do Narducci é humilhante.




terça-feira, 27 de setembro de 2016

Um presente para a posteridade

Esse é o título do segundo prefácio de Chin Sheng-tan ao Quarto do Oeste. O autor quer ter a certeza de que será lembrado no futuro e diz que a melhor forma de fazer isso é dar um presente. Ou ser um presente. As pessoas do futuro talvez gostem das coisas que ele gosta e a solução é simples:

"Em vista disso, pensei em um jeito: escolher alguma coisa desse mundo que tenha o poder de sobreviver no futuro. Escolher alguma coisa deste mundo que tenha o poder de sobreviver no futuro, mas seja desconhecida ou não plenamente compreendida hoje em dia. Escolher alguma coisa deste mundo que tenha o poder de sobreviver no futuro e seja desconhecida ou não plenamente compreendida hoje em dia, mas que eu possa interpretar e esclarecer com exatidão. Ora, essa coisa que tem o poder de sobreviver no futuro deve ser um livro. Essa alguma coisa que tem o poder de sobreviver no futuro, mas hoje em dia é desconhecida ou não plenamente compreendida hoje em dia deve ser, entre os livros, o Quarto do Oeste com os meus comentários."

Essa imortalidade tomada e emprestada, tomada porque é de uma obra alheia e emprestada porque exaltada por seu comentário, encanta Chin, mas não sem um sorriso maroto. Ele mesmo diz que não sabe se seus comentários concordam ou não com as ideias do autor e, assim, existiriam dois livros, com e sem comentário, e cada pessoa pode escolher o seu. Afinal, sua obrigação, diz ele, não é com o autor antigo, mas com os futuros leitores. São muitas as ideias encantadoras em poucas páginas.




Ano passado, escrevi um pequeno texto para acompanhar o CD da organista uruguaia Cristina Banegas. Um amigo traduziu para o alemão e, hoje, existe um objeto material em que meu nome está associado à obra do Mestre, na língua que ele entenderia. Não sei quanto tempo o CD e o texto terão ainda sobre a Terra, mas a música do Mestre pode levá-los bem longe e, ali, meu nome estará. Chin Sheng-tan aprova essa malandragem.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Sobre a efígie de Nicolau Copérnico

Tu, espírito três vezes sábio! Tu, homem mais que maior!
Contigo a noite dos tempos que a todos assusta não pôde.
Em ti a inveja terrena o senso não atou.
O senso que o novo caminho da Terra descobriu.

Aquele que os velhos sonhos e a escuridão confundiu
E direito nos explicou o que vive e a sua lei.
Então floresça tua glória como se em um carro
pelo círculo em que somos levados em torno do Sol.

Quando o errado com o tempo passar
Teu louvor imóvel com seu Sol permanecerá.

Andreas Gryphius (1616-1664)


Wann diB was irrdisch ist/ wird mit der Zeit vergehn
Soll dein Lob unbewegt mit seiner Sonnen stehen.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

春の雪

Não é difícil perceber que Neve de Primavera, o primeiro romance da tetralogia final de Mishima, publicado entre 1965 e 1969, é um romance ocidental, de evidentes traços ingleses. Se a leitura não tem outra intenção que não a trama de Kiyoaki, Satoko e Honda, o tédio fica à espreita. As convenções da literatura romântica européia já eram soníferas na primeira metade do século XX, no Japão da segunda metade, jovens que morrem de doenças quando apaixonados, cartas secretas, encontros furtivos em passeios proibidos parecem saídos de enredos de filmes pornográficos que pretendem ser sofisticados, os célebres "pornôs com história". Assumindo, contudo, outro ponto de vista, supondo que Mishima está apenas manipulando uma tradição, repetindo clichês como faria um intelectual japonês apenas familiarizado com a literatura ocidental, o que resta dessa neve na Primavera? Suspeito que o propósito final da obra é realçar, de um lado, o caráter obsoleto das paixões ridículas vividas por Kiyoaki. O pai as despreza e rapidamente organiza um aborto expediente para Satoko. Seu amigo Honda aceita com prazer o distanciamento de suas loucuras e ajuda, ao final, como ajudaria uma pessoa doente. De outro, confrontado com a inanidade última dessas paixões, sua completa inutilidade prática, o desperdício de vida que implica, Mishima levemente se pergunta de onde vem tal coisa. Aí sim, leio alguma coisa de original. O romantismo ocidental vive de pobres mitologias rousseaunianas; Mishima começa a refletir sobre esses eventos no contexto dos ciclos do sofrimento e reencarnação do budismo e do hinduísmo. Em Neve, a coisa apenas floreia o texto, mas sabemos que ela será desenvolvida mais à frente. Se a vida é eterna em seus ciclos, nos veremos de novo e o isolamento estóico de Honda será desafiado outras vezes. Podemos morrer, portanto.



terça-feira, 13 de setembro de 2016

Neve de Primavera

Ouvi falar de Yukio Mishima pela primeira vez em um catálogo do finado Círculo do Livro. O folheto, que sugeria compras, elogiava "Confissões de uma Máscara", título que impressiona qualquer um. Não pedi a meu pai para comprar, contudo. Muitos anos depois, vendo televisão de madrugada, comecei a assistir por acaso o filme do Paul Schrader, que me lembro ter sido elogiado em alguma matéria do igualmente finado Jornal do Brasil. Naturalmente, a reportagem mencionava o suicídio trágico de Mishima e o final do filme não seria uma surpresa. O filme, em si mesmo, foi a surpresa (e dela não me recuperei até hoje). Encenando seus grandes livros como peças de teatro, o filme de Schrader quis emular a intensidade passional do autor, produziu cenas memoráveis, como a espada na tela de Delacroix, e reencenou de forma extremamente feliz as circunstâncias de seu suicídio ritual. É um grande filme, cujas cenas tenho a honra de guardar na memória. Mishima, anos depois, entrou em moda por conta de seu homossexualismo e de mais uma onda de japonismo ocidental nos anos 1990. Nada disso me parecia relevante. Queria saber se havia algo de real sob o filme, sobre os assuntos que me interessavam, o espelho japonês do Ocidente, a autenticidade da vida, o confronto entre pena e espada, entre o sol e o aço. Quando um navio americano estacionou na baía de Tóquio em meados dos anos 1850, algo muito estranho e espetacular aconteceu. De alguma forma, esse algo se conecta aos eventos de 1970. Sigo lendo, sigo meditando, sem compreender completamente. Em tudo o que é belo, escreveu o filósofo, existe algo que merece ser sabido.