domingo, 4 de dezembro de 2016

Música mística

2. E esta canção era a mais espantosa, grande e maravilhosa das coisas, pois por meio da melodia que está na boca e no instrumento, a alma desperta e o Espírito Santo nela resplende. E vai ao alto e alcança o supremo entendimento, que não podia antes atingir.

3. E esta canção excelente é uma voz que sai da boca dos cantores em temor, espanto e santidade. Sobe e desce, se estende e se encurta, como se inspirada por uma canção dos altos ministros. E enquanto se move por graus que são conhecidos pelo desenho dos pontos, em frases cantadas por vozes deleitosas, tais frases são ordenadas de acordo com as virtudes espirituais, como está explicado no ensino da Música.

7. "E ao rei Salomão - possa descansar em paz - foi dado a saber essa canção, mais do que a qualquer outro em sua geração. Como dizem aqueles cuja memória é uma benção: ´nove anjos que cantam à noite cantam sobre todos os que podem cantar; e quando os homens começam a cantar, os mais elevados se somam a eles para que possam saber e compreender e alcançar o que a Terra e os Céus não alcançam. Ao cantar, eles ganham poder".

8. Rabi Nehemias disse: `Feliz é aquele a quem é dado a conhecer esta canção, pois aquele que a conhece, conhece a Torá e a sabedoria, e há de ouvir e investigar e ganhará poder e gevurah sobre as coisas que foram e as que serão´.


Isaac ben Solomon Ibn Sahula (n. 1244), Comentário ao Cântico dos Cânticos.

Seleção dos trechos "Canções como conhecimento transcendental", citados por Joscelyn Godwin, Music, Mysticism and Magic. A Sourcebook, Londres, 1986.

De acordo com Godwin, esse penúltimo parágrafo (7) é uma reelaboração de trechos do Zohar. Ibn Sahula viveu na Espanha de Alfredo, o Sábio, e viajou pelo Oriente Médio. É o autor de uma célebre e ainda editada coleção de histórias fantásticas e fábulas.

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